A Câmara Municipal de Salvador aprovou nesta quinta-feira (22), sob protestos e muito tumulto, o reajuste salarial para servidores públicos ativos, inativos e pensionistas. A apreciação, que contou com 33 votos favoráveis, ocorreu fora do plenário principal, em uma sala de comissões, o que gerou revolta do funcionalismo público presente.
O início da sessão foi marcado por manifestações de professores ligados à APLB-Sindicato, que acompanhavam o plenário em protesto contra o projeto enviado pelo Executivo municipal. Segundo a categoria, a proposta não contempla a principal reivindicação dos profissionais da educação, o pagamento do piso nacional do magistério, previsto em lei desde 2008.
Diante da ocupação dos manifestantes no anexo da Câmara, a mesa-diretora decidiu suspender os trabalhos por meia hora e transferiu a sessão para uma sala reservada, o que foi visto pelos servidores como tentativa de evitar o enfrentamento direto.
“Foi uma votação escondida, sem transparência, feita para passar um projeto que prejudica os trabalhadores da educação. Não aceitamos essa manobra”, afirmou Rui Oliveira, coordenador-geral da APLB.
Oposição
Os vereadores da bancada de oposição, que apresentaram duas emendas ao projeto, ambas rejeitadas, se abstiveram da votação final. Segundo os parlamentares contrários ao governo, as alterações propostas buscavam corrigir distorções no texto, mas não foram sequer debatidas com a base aliada.
“A Câmara foi esvaziada da sua função de debate público. A sessão foi feita a portas fechadas, ignorando os servidores e atropelando o diálogo”, disse Hamilton Assis, criticando a falta de transparência.
Os servidores rejeitam os 6,27% apresentados pela prefeitura e aprovado pela Câmara, pedindo reajuste salarial na ordem de 25%.

“Alguns vereadores queriam que fosse adiada a votação para segunda-feira (26), mas a maioria absoluta pediu que a votação fosse feita hoje (22) e assim foi feito. Projeto votado, encerrado, após isso será sancionado pelo prefeito”, declarou o vereador Carlos Muniz (PSDB), presidente da Câmara Municipal de Salvador.
Confusão, spray de pimenta e prisão
Antes e durante a sessão, houve tensão entre os manifestantes, assistência militar e alguns vereadores ligados ao prefeito Bruno Reis. Jatos de spray de pimenta foram usados contra os servidores que forçaram a entrada no Centro de Cultura.
Além disso, o coordenador do Sindicato dos Servidores da Prefeitura (Sindseps), Bruno Carianha, chegou a ser detido pela Polícia Militar. O líder sindical foi solto por volta das 23h.
Greve dos professores continua
A APLB-Sindicato confirmou a continuidade da greve dos professores e anunciou novos atos. Nesta sexta-feira (23), a categoria realiza uma caminhada com concentração no Largo de Roma, em direção à Igreja do Bonfim.
Uma nova assembleia está marcada para a próxima segunda-feira (26), quando o movimento avaliará os próximos passos.